“Foi parto normal?”
Acho que ninguém tem ideia do quanto essa pergunta mexe comigo e respondê-la apenas com um “não, foi cesárea” é frustrante pra mim. Eu queria explicar o motivo, mas quase ninguém está a fim de ouvir 3 relatos de parto e toda a explicação do porquê eu não tive parto normal.
Então, depois de anos passando por isso eu tomei coragem e decidi por tudo pra fora (no melhor jeito que pude) e gritar para os 4 cantos por que eu tive 3 cesáreas.
Escrever esse post funcionou como uma terapia pra mim e se puder ajudar você também, nossa, será a glória! Saber que não estamos sozinhas faz toda a diferença!
Aqui está o resultado, espero que gostem:
O post ficou gigante, por isso dividi em 3 partes. Segue a 2ª parte, com o relato do parto da Nina, minha filha do meio. (Clique aqui para ler a 1ª parte)
Por um triz
A 2ª gestação foi super saudável assim como a 1ª. Mas, dessa vez foi tudo diferente.
Foi aí que conheci o parto humanizado e mergulhei a fundo nesse universo. Estava mais madura e realmente entendi o porquê desse parto ser tão especial e na minha opinião ser a melhor opção para a chegada do bebê. Queria que a chegada da Nina fosse a mais suave possível, sem intervenções desnecessárias, cheia de amor.
Fiz todos os cursos possíveis para me preparar para o parto natural humanizado. Assisti palestras semanais com relatos de mães (foi aí que percebi a importância de um relato, de saber que não estamos sozinhas). Escolhi uma equipe médica humanizada (obstetra, obstetriz e doula) que fosse respeitar o meu plano de parto. Fiz epi-no com uma fisioterapeuta, pilates, yoga para gestantes e hypnobirthing. Meu marido participou de toda a preparação, o que nos deixou ainda mais próximos, foi muito especial.
Nesse meio tempo quase fomos morar em Miami (fiz pré-natal por 3 meses por lá), mas mudei de ideia quando soube que a minha cesárea prévia seria um impedimento para um parto natural.
Bom, de volta à São Paulo, entrei em trabalho de parto com 41 semanas e 3 dias.
No total foram 20 horas até chegar aos 8cm de dilatação, sem anestesia, sem intervenções, como havia planejado e desejado. Senti muita dor e no final estava bem cansada. Entrei na Partolândia (termo que aprendi nesses encontros de preparação para o parto natural), era como se estivesse em outro planeta, porque são tantos sentimentos intensos ao mesmo tempo: muita dor + ansiedade + medo + cansaço + vontade de desistir + vontade continuar + alegria + gratidão + força + desespero + o que você possa imaginar!
Até que em um exame de toque, já no hospital, o médico constatou um sangramento muito grande na placenta.
Acho que foi o maior susto da minha vida! Era caso de ameaça de rotura uterina e teríamos que fazer uma cesárea de emergência. Se existia algum risco nessa tentativa de parto normal após a cesárea, era esse, e aconteceu bem comigo!
Em menos de 10 minutos eu estava na sala de cirurgia, chorando e torcendo para a minha bebê nascer bem e dar tudo certo. Em meio às contrações de 1 em 1 minuto tomei anestesia.
Chorei muito, era um misto de sentimentos, medo, frustração, esperança… Nesse momento a única coisa que importava era a minha filha nascer bem.
Graças a D’us, Nina nasceu super saudável. Ela nasceu com 2,960kg, super cabeluda e pequeninha.

Nessa situação de emergência, é óbvio que as coisas não saíram como planejei no meu plano de parto, mas o que deu para fazer foi feito: a doula colocou as músicas que eu tinha escolhido (não sei como ela lembrou disso em meio a tanto desespero, mas sou grata, porque de fato me acalmou um pouco) e logo que a Nina saiu da minha barriga já foi colocada no meu peito para mamar, pele com pele.

A Nina estava tão assustada, chorou por mais de 20 minutos sem parar, mesmo no meu colo. O mais legal é que nenhuma intervenção desnecessária foi feita.
O meu sangramento foi um descolamento prévio de placenta, o que por si só já era indicação de cesárea. Mas, se isso não bastasse, Nina tinha mais de 1 metro de cordão umbilical, nó verdadeiro, mecônio, desaceleração dos batimentos cardíacos e estava com a cabeça defletida, o que fez com ela nascesse com o nariz bem amassado, porque ela tentava “descer”, mas não conseguia… Tadinha!
Corremos risco de vida de verdade, nós duas… Até hoje fico arrepiada só de pensar. Gratidão sempre!
Olha o relato da minha doula sobre o parto da Nina:

Nos próximos dias vou postar a 3ª Parte do post com o meu relato do parto do David. Te espero!
Se você se identificou, deixe seu comentário. Eu abri o meu coração e será um prazer imenso saber um pouco mais de você, da sua história. Juntas podemos ajudar muitas mães e futuras mamães.
Bjs,
LALÁ ♥